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É só ver um filete de água escorrendo pela torneira do banheiro que a vontade aperta e fica quase insuportável prender o xixi. Às vezes, basta escutar o barulho da água: não importa se é um singelo gotejar ou uma estrondosa cachoeira, a vontade vem junto com o som. Entrar na água (no mar, na piscina, na banheira) também desencadeia o desejo de urinar.


E às vezes a vontade não precisa estar relacionada com água: perceber que você está chegando em casa, ver um vaso sanitário na sua frente e até mesmo escrever sobre xixi (ui!) também pode gerar uma gana incontrolável de eliminar toda a urina inconveniente.
Isso acontece porque nossa sociedade nos ensina, ainda crianças, a controlar a saída do xixi. Aprendemos a prender o esfíncter que impede e saída da urina, e nos condicionamos a usar o banheiro para aliviar a bexiga. O nosso sistema urinário é comandado parcialmente pelo sistema nervoso autônomo - também responsável pelos batimentos do coração e os movimentos dos intestinos, por exemplo, aqueles que você nem percebe. Só que a gente também consegue, voluntariamente, controlar a bexiga. Ela é o único órgão controlado pelo sistema nervoso autônomo que também conseguimos controlar "com a força do pensamento".
Além disso, a bexiga e a uretra estão conectadas ao sistema límbico - o centro das emoções do organismo humano. Os desencadeadores da vontade de fazer xixi são nada menos do que objetos e ações do dia a dia que provocam a ativação desse centro das emoções no nosso subconsciente, lembrando que estamos com a bexiga cheia e é preciso esvaziá-la. Se tivéssemos condicionado nosso cérebro a ter vontade de fazer xixi a cada vez em que vemos a cor verde, por exemplo, teríamos as mesmas vontades incontroláveis ao observarmos uma árvore ou um gramado.

Quando urinar é incontrolável

Ao nascermos, nosso sistema nervoso ainda não está completamente formado, e o organismo praticamente responde com reflexos. Crianças de até 2 anos "funcionam no automático": se a bexiga está cheia, ela vai urinar sem pensar em contrair o esfíncter e procurar o penico mais próximo simplesmente porque esse tipo de pensamento ainda não pode ser desenvolvido. Depois de cerca de dois anos, a sociedade (principalmente a mãe e o pai) passam a treinar a criança para ela começar a desenvolver a capacidade de segurar o esfíncter e não fazer xixi na calça. É possível que, se os seres humanos nunca fossem treinados para fazer xixi apenas em ocasiões consideradas corretas pela sociedade, faríamos em qualquer lugar - como os outros animais.
Um indício dessa possibilidade está nos países nórdicos. Enquanto no Brasil as crianças deixam a fralda por volta dos dois anos, no norte da Europa os pais só treinam seus filhos a segurar o xixi quando eles já estão com 4 anos de idade, em média. Quem tem bexiga hiperativa - uma doença que faz o sistema nervoso perder o controle sobre a bexiga - também não consegue segurar o xixi. E a vontade incontrolável (e muito desagradável) de fazer xixi pode surgir de 6 a 8 vezes por dia. Nestes casos, é preciso procurar um médico urologista.

Fonte: Fernando Almeida, médico urologista e chefe dos setores de Disfunção Miccional, Urologia Feminina e Urodinâmica da Unifesp

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